sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

MDNA Tour - Madonna no Brasil


Madonna está passando pelo Brasil com sua MDNA Tour. A rainha já fez shows no Rio de Janeiro, no último dia 3, e em São Paulo, dias 4 e 5.
Eu estive presente no show de São Paulo, no dia 4, no estádio do Morumbi e, por mais que todo mundo já saiba tudo o que acontece durante o show, eu gostaria de comentar a minha visão.
Sou fã sim, considero a Madonna uma das artistas mais geniais de todos os tempos. Simplesmente porque ela revolucionou a música pop. Mas vamos falar do show primeiro!
A turnê MDNA está divulgando o último álbum da cantora, por isso ela intercala os clássicos com muitas músicas novas. Ela sempre divide as músicas, é praticamente metade das antigas e metade das novas, para resumir.
Por volta das 18h, a diva subiu ao palco para fazer a passagem de som, como de costume. Posso dizer que só isso já valeu a pena. Os dançarinos já estavam se aquecendo quando entrei no estádio, cerca de 16h. O namoradinho Brahim Zaibat e o filho Rocco também estavam lá. Quando Madonna entrou, fez o ensaio de Girl Gone Wild, Express Yourself, I don't give a, I'm a Sinner, Vogue e Celebration. Foi praticamente um show de presente para os fãs que chegaram cedo. Além disso, ela falou com o público, provocou, brincou e, como sempre, aprendeu novos palavrões em português. Ela perguntou ao público como se dizia "fuck yeah" em português, então, um de seus dançarinos que é brasileiro foi até ela e lhe disse algo. Daí ela vai até o microfone e grita "E aí, caralho!". Pronto, o estádio foi a loucura (e eu também!). É demais você ver um ídolo, conhecido por ser frio com os fãs (aliás, quem inventou isso?), fazer isso! Ela sabe como deixar a gente feliz!

obs.: eu tirei essas fotos da pista comum, por isso a qualidade não está lá aquelas coisas
Ensaio de Vogue

Li algumas matérias falando que os fãs vaiaram por ela ter atrasado. Mentira pura. O DJ chatôncio que abriu o show era muito chatôncio mesmo. O pessoal vaiou demais o coitado. Mas foi merecido, quem é que abre o show da rainha do pop com músicas putz-putz, sem letras, sem animação, e espera ter sido legal? Fosse inteligente: tocasse músicas da Madonna que não estavam no setlist, ou disco, pop, Michael Jackson, Tina Turner, Donna Summers, qualquer coisa menos aquilo. Então, o pessoal estava vaiando o DJ e não o atraso. Aliás quem acompanha a carreira de Madonna sabe que ela entra no palco sempre por volta das 22h ou 23h. É absurdo dizer que ela foi vaiada e que houve atraso de 3 horas.

Sinos e o canto gregoriano do grupo Kalakan, convidados especiais do show, chamavam a rainha ao palco. A introdução foi feita com Act of Contrition, que ao contrário do que muitos pensam, é uma faixa do álbum Like a Prayer, de 1989, mas que também foi adicionada ao single Girl Gone Wild, numa versão sussurrada.
A rainha desce pela parte superior do palco, numa capela, onde é possível ver sua sombra enquanto reza. Ela se levanta, faz o sinal da cruz e dá um tiro da vidraça, finalmente se revelando. Detalhe: o véu que Madonna usa aqui, acompanhado de uma coroa dourada, é uma releitura do vestido de noiva que usou no casamento com Guy Ritchie.

Na sua cara, Guy!

Pois bem, a abertura ficou por conta de Girl Gone Wild, com uma coreografia frenética, fazendo o estádio inteiro pular e cantar junto. Com figurino de assassina, Madonna dá continuidade ao bloco violento do show: seguimos com armas e tiros em Revolver e ainda adicionamos sangue para Gang Bang. A performance desta música acontece num quarto de um hotel, onde a diva nocauteia vários dançarinos. É uma das partes mais legais do show, a coreografia das lutas deixa todos inquietos, querendo ver Madonna em ação. As luzes e o telão também fazem um trabalho maravilhoso durante todo o show.

A performance de Gang Bang: cheia de sangue

Papa Don't Preach foi o presente antigão para os fãs e representou a redenção de Madonna, após ter matado geral na música anterior. Assim, ela é capturada e acorrentada para cantar Hung Up, numa versão que poderia ser substituída por outros hits. Por ser uma música que representou a disco, Hung Up ficou estranha nessa parte do show. Mas ela é diva, ela pode, pronto parei de reclamar. Depois de fugir pelas cordas, praticando Slackline, ela volta toda musa para cantar I don't Give A, acompanhada da guitarra.
Aqui Nicki Minaj aparece no telão gigantesco, vestida de freira, para contar o que todo mundo já sabe: só há uma rainha, que é ...MADONNA! Os fãs gritam demais, alguns até repetem a frase junto de Nicki, e nesse momento, a rainha sai do papel de pistoleira e deixa escapar um sorrisinho de "ai gente, eu sou mesmo!".
Fim da parte 1! Assistimos ao interlude de Best Friend e Heartbeat nos telões, enquanto os dançarinos contorcionistas de Madonna dançam e deslocam os braços (é sério!). Na primeira parte do show, eles representavam as gárgulas do grande monastério e isso foi muito bem bolado. Tudo no show da Madonna tem um significado, o figurino, as músicas escolhidas, a divisão dos blocos. TUDO!

Uma das partes mais animadas do show: Madonna surge de cheerleader para cantar Express Yourself e Give me all your Luvin'

Partimos para o bloco cheerleader! Ela já chega com Express Yourself e imagens alegres nos telões. Dança com um bastão e emenda Born This Way e She's Not Me. Como eu vejo isso? Uma brincadeira/provocação/homenagem/toma-essa-Lady-Gaga e ao mesmo tempo nada demais. E só. Nada para ficar discutindo, nem criando polêmica.
Com Give me all your Luvin' vem a fanfarra flutuante! E Madonna dança muito, levanta a saia, rebola até o chão, faz a coisa ferver mesmo.

A fanfarra flutuante da rainha

Terminamos e ouvimos a rádio Madonna, passando por sucessos de toda sua carreira. Ela volta ao palco, mais uma vez com a guitarra, tocando Turn Up the Radio e pedindo que todos cantem junto.
Seguimos para Open Your Heart, com o Kalakan. Versão fofa e que termina com um belo discurso da diva, falando sobre igualdade. Ela fala e pede para o público gritar "Fuck yeah" se estiver de acordo. Todos gritam e ela encerra com um "Caralho!", para a histeria de todo mundo.
Então ela dedica a próxima música a todos os seus fãs. É Masterpiece, realmente a obra de arte deste novo álbum. Uma música para calar boca de quem fala que ela só lança músicas sem conteúdo atualmente.

Após Open Your Heart, Madonna faz um discurso sobre igualdade.

É o fim de mais um bloco. A interlude de Justify My Love é linda, praticamente um novo clipe para a música. Vemos, no telão, Madonna brincando com lupas e máscaras, num vídeo todo em preto e branco. O vídeo termina com ela colocando a mesma máscara com que entrará em alguns segundos no palco para a performance de Vogue. Dançarinos desfilam pelo palco com figurinos exuberantes, Madonna está com um espartilho preto, também de Jean Paul Gaultier, que produziu os antigos e famosos figurinos da turnê Blond Ambition.


  A diva canta Vogue em São Paulo

Vogue é Vogue. O telão mostra os artistas citados por Madonna na música. Um fato interessante é que ela não parece ter usado playback em momento nenhum no show. Pelo menos eu acho que não. Ela nunca escondeu que utiliza playback, pois dançar e cantar ao mesmo tempo é difícil. Para provar, assistam a apresentação de Vogue no VMA de 1990, ela nem sequer usa um microfone, não está escondendo nada mesmo. Na turnê Blond Ambition ela até brinca com o fato, dizendo ao dançarino caracterizado como Dick Tracy que não há problema se ele não sabe cantar, "Vamos dublar!", sugere. Aliás, eu bato o pé e acho que ela canta muito bem, não acho que ela deveria usar playback nunca, mas se for pela dança eu perdoo. Claro que ela não é a Whitney Houston, mas ouçam You Must Love Me, na Sticky and Sweet Tour e vocês entenderão.
Depois de um dos maiores sucessos da cantora, vem uma versão cabaret de Candy Shop, com versos de Erotica. Uma parte sexy, com direito a cenas sensuais com o peguete Zaibat, mas sem beijo na boca porque deuses só se relacionam com mortais quando não tem ninguém vendo.
Espelhos surgem no palco para Human Nature. A performance lembra o clipe e explora a sexualidade. Madonna tira a roupa no fim da música, revelando a palavra Deus nas costas, escrito em hebraico (no Rio de Janeiro foi "Periguete", e no segundo show de São Paulo, "Safadinha"). Ela ainda pegou uma camiseta de um fã, na qual se lia "Motherfucker fan" ("fã filho da p*ta"), e a vestiu. Ela já tinha gostado dessa camiseta desde a passagem de som.
Para a grande decepção dos fãs, as luzes se apagaram neste momento e Like a Virgin e Love Spent não foram tocadas. Ninguém sabe o motivo, há boatos de que houve um problema no equipamento que seria usado nessas músicas, e que já estava falhando na passagem de som. Uma pena, pois é uma das partes mais emocionantes do show. A rainha apresenta uma versão lenta de Like a Virgin, com um piano. Ela canta no chão, como é a performance do hit desde o início de sua carreira. A música também não foi tocada no segundo show de São Paulo, mas neste dia ela cantou Holiday. É esperar para ver o que teremos em Porto Alegre no próximo dia 9.
É a vez do interlude polêmico de Nobody Knows Me, que mostra a imagem de vários políticos e faz uma forte crítica a eles. Enquanto isso, dançarinos fazem mais uma coreografia fantástica no slackline.
I'm Addicted abre a última parte do show. É seguida de I'm a Sinner, na guitarra, como se Madonna estivesse num trem em movimento, afinal blocos se erguem várias vezes no palco durante o show.


Madonna viaja no trem de I'm a Sinner

Aqui o clima é um pouquinho mais calmo. Ela poderia ter tranquilamente substituído essas duas músicas, ou pelo menos I'm Addicted, por sucessos mais antigos. Ou talvez tocar algum clássico ou uma música antiga lado B na guitarra (ela só tocou músicas novas na guitarra nesta turnê). É a única coisa de negativa que tenho para falar do show, mas isso não estraga nada! Só quero dizer que esse momento poderia ser melhor aproveitado. É por apenas essa parte que a Sticky and Sweet Tour parece ser mais animada, mas, se o show fosse igual, não estaríamos falando de Madonna, não é?

O coral e a rainha cantando Like a Prayer

Porém, Like a Prayer compensa tudo! É a hora do público cantar juntinho da rainha e do coro. Não tem como errar com essa música, a apresentação é sempre linda e não foi diferente na MDNA Tour, ainda mais com a rainha segurando a bandeira do Brasil.
Infelizmente chegou o fim: Celebration, num mash-up com Give It 2 Me, traz a festa final. O jogo de luzes é espetacular nessa música. Madonna dança, pula, canta e se junta aos dançarinos para dizer o "Obrigada!" cheio de sotaque e o adeus a São Paulo.

O encerramento com Celebration

O maior espetáculo da minha vida! Um dos meus sonhos realizados. Ver essa mulher tão importante é uma honra, mesmo para quem não é fã (que diga meu namorado, que foi para me acompanhar e ficou maravilhado com o espetáculo que viu).
Ela não tem a melhor voz de todos os tempos, mas é a melhor performer, melhor dançarina, melhor representante feminina da música. Eu a considero um gênio. Como eu já disse, ela revolucionou a música pop. Ela lançou VOGUE, que é hino do pop. Aliás, Lucky Star, Dress You Up, La Isla Bonita, Like a Prayer, Who's that Girl?, Vogue, Justify My Love, Erotica, Take a Bow, You'll See, You Must Love Me, Frozen, Music, Hollywood, Sorry, 4 minutes, Girl Gone Wild, são todos hinos. E eu só citei uma música de cada álbum dela. E daqui a pouco vem mais um pelo que ela mesma já anda dizendo (se ela vai ter 60 anos? NÃO IMPORTA, o que ela faz é inigualável, não tenho nem o que falar sobre idade, porque isso não tem influência nenhuma no trabalho dela).
Ela falou sobre sexo, numa época em que mulher falar disso era praticamente proibido. E falou que, como mulher, também tinha fantasias, por que não?
Algumas pessoas me julgam por eu ser fã dela. Dizem que ela é vulgar, vagabunda. É difícil ser revolucionária, palavra que ela mesmo utiliza, sem ser julgada. Ser sexy, explorar a sensualidade e a sexualidade é muito diferente de ser vagabunda e vulgar. Ela mostrou que sexo não tem que ser um tabu, inclusive para as mulheres. É por isso que ela tira a roupa no final de Human Nature, música que fala exatamente sobre o sexo ser um tabu.
Além disso, ela questionou a igreja. Criada pelo pai extremamente católico, ela se revoltou. Mostrou que todas as religiões devem ser respeitadas pelo que você crê e não pelo que é imposto a você por uma "casa de Deus" ou por um "mensageiro de Deus".
Ela debochou do estilo de vida americano, repreendeu o próprio país e criticou o então presidente Bush por ser a favor das guerras. Critica todas as guerras, formas de repressão, preconceito, bullying.
Ela falou sobre AIDS abertamente nos anos 80 e 90. Defendeu a homossexualidade, ou melhor, a liberdade de escolha, de expressão, a igualdade. É esse o discurso dela após Open Your Heart. É esse o discurso dela desde quando começou.
E além de tudo isso, ela é uma artista que nos diverte, nos faz dançar e esquecer dos nossos problemas de vez em quando.
Após 30 anos de carreira, ela ainda sabe se reinventar, sem perder sua essência, e sempre estar no topo. Ela consegue, diferente de todos os outros artistas das antigas, lançar músicas novas e ainda fazer sucesso com as novas gerações. Ela é inteligente, não é comercial, não é vendida como a maioria dos artistas de hoje. Ela gosta do que faz, gosta de trabalhar, gosta de inovar e contribuir para a música sempre.
Ela é Madonna.
Depois do show do dia 4 eu aprendi que Madonna não é apenas rainha.
Madonna é deusa.
Madonna é Madonna.


2 comentários:

  1. Oiiii adorei seu texto. Nos conhecemos nos shows? Eu sou o Alex Martins - Mother Fucker Fan. Me add no face https://www.facebook.com/alexmartins.sorocaba

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    1. Oi Alex! Obrigada!
      Não nos conhecemos no show porque infelizmente fiquei na pista normal haha
      Vou te adicionar no face sim =)
      abraço!

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