sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mídia x Música

Bom, já faz algum tempo que queria postar isso, então lá vai:
Fiquei admirada com a entrevista do Aerosmith que apareceu no Fantástico há uns 2 meses atrás.
As perguntas do jornalista foram completamentes desnecessárias.
A Globo deveria mostrar mais respeito por um trabalho de 40 anos e fazer perguntas mais relevantes.
Estudo jornalismo e mesmo estando no segundo ano, eu conseguiria fazer uma entrevista bem melhor que a renomada central de televisão.
E não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que a Globo dá bola fora ao entrevistar músicos.
Uma dica, jornalistas da Globo: PESQUISAR, APRENDER e ENTENDER.
Assim, a entrevista entrará para a história.

Aula de jornalismo 1 - Técnicas de Reportagem e Entrevista:
Qual é o foco da pauta? SHOW DO AEROSMITH
Quais serão as perguntas? SOBRE O SHOW DO AEROSMITH
A Globo me fez passar vergonha pela imprensa brasileira.
Em vez de perguntarem sobre o show, sobre a turnê, sobre um possível álbum novo, a Globo fez perguntas de revista de fofoca.
Sim, deveria ser comentado na reportagem sobre os problemas internos do Aerosmith. Mas em nenhuma hipótese deve-se perguntar ao vocalista como ele se sente em quase ter sido substituído!
Me deu um aperto no coração quando ouvi aquilo, pensei: "Pronto!! Agora eles nunca mais voltam pra cá!".

Querida Globo, algumas perguntas que vocês poderiam ter feito:
- Há surpresas no setlist que será tocado no Brasil?
- Vocês gostaram do nosso país? (clássicaaaa)
- Vocês estão mudando bastante o setlist de cada país. Há alguma pesquisa feita entre os fãs para saber que músicas querem ouvi? No twitter de Joey Kramer (este é baterista da banda, entendeu Globo?), ele perguntava sobre que músicas os fãs gostariam de ouvir, vocês tiveram base nessas informações também?
- Em 2007, só houve show em São Paulo, neste ano só em Porto Alegre e em São Paulo de novo, vocês pensam em voltar ao Brasil para fazer shows em outros locais, como no Rio de Janeiro por exemplo?
- Há planos de produzir um novo álbum?
- Tom Hamilton (este é baixista da banda, viu Globo?), no show de 2007 você tinha acabado de se recuperar de um câncer na garganta. Agora você está bem de saúde? Não houve mais problemas?
- Vocês passaram por um período turbulento no começo do ano. Como vocês estão se sentindo agora? (vê? isso se chama respeito) - com uma pergunta feita deste modo, eles falariam muito mais sobre os conflitos que aconteceram.

Se quiserem me contratar pra fazer entrevistas com bandas em geral, eu ficaria feliz, porque vejo que existem muitas vagas desse tipo na Globo.
Em minhas pesquisas (sim, pesquisar, Dona Globo, coisa que você não costuma fazer antes de entrevistas), ainda constatei outros deslizes da poderosa rede de televisão.
Quando o guitarrista do Pantera, Dimebag Darrel foi assassinado, a Globo se aproveitou da tragédia e com puro sensacionalismo criticou o heavy metal e o rock n´ roll. Com um discurso que começava falando do rock n´ roll hippie, na época de Janis Joplin e Jimi Hendrix, a Globo falava que aquilo significava liberdade. Disseram que depois, toda essa liberdade se transformou em ódio e violência e blábláblá.
Segundo a Globo, a música não era mais arte e dava lugar a porrada. (?)
Acho que muitas bandas odiariam ouvir algo assim. Inclusive bandas que tocam até hoje e que continuam clássicas.
Bandas como o próprio Aerosmith ou o Rolling Stones, que a Globo lambeu quando houve o show de graça no Rio.
Quando é pra dar ibope é só elogios, né dona Globo?
Mas por a culpa da violência no heavy metal? Na música? É ingenuidade demais!
Eu estive no show do Aerosmith dia 29/05/2010, e posso dizer que não houve uma briga, um tumulto, um problema sequer. E se isso acontecesse, com certeza não iria ser culpa do Aerosmith, muito menos do rock n´roll.

Outro erro cruel e cômico foi quando uma das repórteres que estava cobrindo o show do Iron Maiden, trocou o nome do baixista Steve Harris pelo da sua filha LAUREN Harris. Isso foi rídiculo! Qualquer um pode entrar na internet e pesquisar o nome certo de um cara, que aliás é famoso, o que torna mais difícil esse erro grotesco acontecer!

Bom, voltando para o assunto do Dimebag Darrel...
Num show do Pantera, um "fã" subiu ao palco e disparou 3 tiros, matando Darrel e mais 3 pessoas na platéia.
Sim, foi uma tragédia, e a Globo teve coragem de se aproveitar da situação para "meter o pau" no heavy metal.
É claro que isso gerou milhares de reclamações, e os fãs mandaram cartas e e-mails para defender o rock n´roll.
Um dos funcionários da Globo respondeu, em relação a um editorial de Arnaldo Jabor:
"Antes de mais nada devo confessar que não acompanhei a cobertura, assim não tenho condições para comentar. Agora, uma coisa é a matéria jornalística, outra é a opinião livre do Jabor. E, mesmo nesse caso, aposto que se ele pisou na bola foi por absoluta falta de conhecimento. Há algum tempo eu tive que dar umas "aulas" por aqui para explicar que "hip-hop" não era apologia do tráfico. Vou comentar com a moçada, mas esse episódio serve para mostrar que as pessoas aqui agem e eventualmente erram com independência, ou preconceito pessoal, uma vez que ninguém pode imaginar que existe uma recomendação editorial contra heavy-metal... Grato pelo toque. Abraço."

Até um funcionário concorda que a Globo não tem conhecimento o suficiente sobre música e quer fazer matérias pensando que entende de tudo.
O editorial de Jabor e todas as informações sobre o episódio de Dimebag e Globo podem ser vistas aqui:
http://whiplash.net/materias/news_928/021344-damageplan.html

A Globo nem cobre todos os shows que vêm pra cá, e quando cobre, cobre mal.
Adoraria ver uma matéria sobre o show do Kiss ou do Twisted Sister. Coisa que não vi. Ah detalhe: gostaria de ver uma matéria BEM FEITA.

A Globo já provou muitas vezes que não conhece nada sobre os artistas internacionais.
Pra mim, falta pesquisar sobre o assunto e não fazer perguntas sensacionalistas e que faltem com respeito com um artista renomado que vem até o Brasil fazer show.

É duro. Cada banda que vem pra cá eu já espero pela vergonha.
Até quando Sabrina Sato apareceu quase sem roupa pedindo que Gene Simmons a lambesse foi melhor que essa matéria do Aerosmith.

Pra ela pedir que ele a lambesse, ela sabia que ele tinha uma língua com 7 polegadas de comprimento. Pra saber isso o que ela fez? PESQUISOU.

Nem as informações sobre os shows a Globo dá.
Fiquei revoltada com essa matéria e este texto é meu protesto, já que as matérias não vão mudar mesmo...

Não vou postar o vídeo da entrevista do Fantástico aqui, pois como jornalista e como fã tenho VERGONHA de uma entrevista dessas.
Se quiserem ver, o site da Globo, o G1, disponibiliza as matérias. Ou senão, a matéria já está no YouTube.
Outra coisa que não gostei foi quando o repórter global falava que foi a entrevista mais difícil de se conseguir. Primeiro, entrevista mais difícil? Cadê a entrevista com o Axl Rose? E com a Madonna (que foi outra que a Globo lambeu)?
Paris Hilton no carnaval? Metallica? Não? Nenhum?
Uééé, achei que tinha muitas entrevistas! Pra ter uma que foi mais difícil...
Segundo, acho que se um repórter tem problemas com um artista, ele não deve dar a sua opinião, ele deve fazer a entrevista, desligar o microfone e ir pra casa. Não era uma matéria opinativa e mesmo se fosse, faltou com respeito.

Bom, fica aqui minha revolta. Não é porque sou fã do Aerosmith. Sim, eu estive no show e posso provar exatamente o contrário daquela entrevista. O show foi ótimo e eles estavam super bem, não demonstravam problema algum. Estavam melhores entre si, do que no show de 2007, no qual eu também fui.

Com certeza não é só a Globo que faz isso, mas foi a empresa que mais me chamou a atenção pelo tamanho das falhas.

Enfim, falo como jornalista e como espectadora que já viu vários erros em matérias sobre artistas internacionais, inclusive bandas. Não sei se a Globo tem preconceito com rock n´roll, mas parece, e parece muito.

Globo, contrate jornalistas com experiência na parte musical para cobrir shows e fazer entrevistas com artistas como estes.

O que o Caco Barcellos é no jornalismo investigativo, um outro jornalista deve ser na parte de entretenimento.

Não é um assunto tão importante quanto uma guerra, ou a violência. Mas não custa nada fazer um trabalho bem feito.
Ah e se quiserem meu currículo é só pedir, Globo. Tenho certeza que faria um bom trabalho na parte de cobrir shows ou qualquer outro assunto relacionado a entretenimento. Estou no segundo ano de Jornalismo e não tenho experiência em televisão, mas eu faria um trabalho muito melhor do que esses que vocês estão fazendo.

Obrigada pela atenção.

E como homenagem fica uma imagem de uma das maiores humilhações da Globo com a música: a entrevista da Glória Maria com Freddy Mercury

Desculpe-nos, Freddy, ela não sabia o que fazia...